Niller André de Campos*
Por baixo das ondas, em um mundo invisível para a maioria, está a verdadeira espinha dorsal da nossa sociedade moderna: a vasta e intrincada rede de cabos submarinos de comunicação. Essa teia global, também conhecida por Ciberespaço Submarino, com mais de 1,4 milhão de quilômetros de extensão, é a via por onde 99% dos dados intercontinentais viajam, transformando a infraestrutura tecnológica em ativos estratégicos cruciais. Na geopolítica contemporânea, quem controla essas linhas de poder digital controla a economia global, a segurança nacional e a soberania das nações.
Drones, IA e fundo do mar: a nova fronteira estratégica global
Atualmente, há uma crescente atenção voltada para o fundo do mar e para o avanço dos sistemas navais não tripulados, revelando uma nova fronteira estratégica global. O mercado de drones subaquáticos e embarcados, impulsionado por tensões geopolíticas e inovação em inteligência artificial, projetando investimentos bilionários até 2029, com destaque para os Estados Unidos da América (EUA) e países pertencentes a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com a segurança dessas infraestruturas críticas submarinas, às quais sustentam comunicações e transações financeiras globais.

Dentre desse cenário, relatórios recentes indicam que a Rússia intensificou operações de monitoramento e poderia realizar ações de sabotagem contra esses cabos, o que representa uma ameaça direta à estabilidade digital e a econômica mundial. No Brasil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) reforça a importância da proteção dessas infraestruturas, promovendo uma abordagem colaborativa entre Estado, setor privado e sociedade, com foco em prevenção, resiliência e gestão de riscos. A interdependência entre setores críticos exige estratégias integradas e vigilância constante, especialmente diante da crescente vulnerabilidade cibernética e física.
Mahan e os mares digitais: o renascimento das teorias geopolíticas
Dessa forma, podemos suscitar que essa disputa trás à tona as grandes teorias geopolíticas do passado. Pensemos na Teoria do Poder Marítimo de Alfred Mahan, que defendia que o domínio dos oceanos era a chave para a supremacia global.
Hoje, os cabos submarinos são os “mares” da era da informação. A corrida entre potências como Estados Unidos e China para instalar e proteger esses cabos mostra que a lógica de Mahan segue viva, ou seja, controlar o fluxo de dados é tão vital para o poder no século XXI quanto controlar as rotas de comércio marítimo no século XIX. Gigantes da tecnologia, como Google e Meta, se tornaram os novos “senhores dos mares”, investindo e ditando as regras de uma rede global.
A vulnerabilidade desses cabos, suscetíveis a acidentes ou a sabotagem deliberada, fez com que a OTAN os classificasse como infraestrutura crítica de segurança, fundamentado em incidentes recentes que ressaltam essa fragilidade. Danos a cabos no Mar Vermelho interromperam o tráfego de internet em regiões inteiras, enquanto investigações sobre o rompimento do cabo entre a Finlândia e a Estônia, no Mar Báltico, apontaram para uma possível sabotagem.
Esses eventos evidenciam que a guerra híbrida encontrou um alvo perfeito para desestabilizar economias e governos. Esse cenário reforça a urgência pela soberania digital, que pode ser entendida como o Espaço Vital da era digital.
Espaço vital digital: a nova fronteira da soberania nacional
A Teoria do Espaço Vital, formulada por Friedrich Ratzel, via o Estado em crescimento, naturalmente, procuraria incorporar terras, recursos e populações para sustentar seu desenvolvimento. Em um mundo onde as fronteiras físicas são, em grande parte, fixas, essa busca por expansão territorial encontrou um novo campo de atuação: o ciberespaço.
O “espaço vital” de uma nação no século XXI não se limita às suas fronteiras físicas, mas sim ele se expande para a infraestrutura digital da qual depende. A soberania digital é o novo Lebensraum1. Uma nação que não controla sua própria infraestrutura de comunicação, dependendo de redes e cabos operados por potências estrangeiras, está vulnerável.
Essa dependência pode ser explorada para vigilância, censura ou para fins de pressão política e econômica. O controle de pontos de acesso críticos, como as Cable Landing Station2 ou os data centers que os interconectam, confere a uma nação uma vantagem estratégica que pode ser usada contra adversários.
O projeto do cabo EllaLink3, que conecta diretamente o Brasil à Europa sem passar pelos EUA, é um exemplo prático e ousado dessa busca por autonomia. Antes do EllaLink, a maioria do tráfego de dados do Brasil para a Europa passava por Miami, onde estava sujeita às leis americanas, como o Cloud Act4 que permite ao governo dos EUA acessar dados armazenados por empresas americanas, independentemente de onde estejam.
Ao criar sua própria rota de dados, o Brasil expandiu seu “espaço vital” digital, garantindo que suas comunicações não sejam vulneráveis a interferências de uma terceira potência. Outros países na África e na Ásia também estão buscando rotas diretas para a Europa e a Ásia, em um esforço para evitar a dependência de cabos controlados por China ou EUA, fortalecendo assim sua própria soberania e resiliência digital.
Heartland Digital: o Ártico como nova rota de poder
A Teoria do Heartland de Halford Mackinder argumentava que o controle da vasta massa de terra da Eurásia, o “Coração da Terra” (Heartland), era a chave para o domínio mundial. Seu famoso lema – “Quem governa a Europa Oriental comanda o Heartland; quem governa o Heartland comanda a Ilha do Mundo (Eurásia e África); quem governa a Ilha do Mundo comanda o mundo”, destacava a importância estratégica de um território central, inacessível ao poder marítimo.
No mundo de hoje, com as mudanças climáticas e o derretimento do gelo no Ártico, o “Heartland” de Mackinder está ganhando uma nova dimensão. A vastidão do Ártico, antes uma barreira intransponível, está se tornando uma nova rota de conectividade. Novos cabos submarinos instalados sob o gelo derretido poderiam encurtar drasticamente a distância entre a Europa e o Leste da Ásia, oferecendo a menor latência possível para o tráfego de dados.
Essa rota, por sua rapidez, é de interesse vital para setores como o de finanças de alta frequência, onde milissegundos fazem a diferença. A nação que dominar esses caminhos subaquáticos no Ártico obterá uma vantagem estratégica incalculável sobre o tráfego global de dados, controlando um novo “Coração da Terra” digital.
A disputa por essa nova fronteira já está em andamento. A Rússia possui a maior presença militar e a mais extensa linha costeira no Ártico, e tem investido em rotas de navegação e em projetos de cabos. A China, embora não tenha território no Ártico, se autodenomina um “Estado quase-ártico” e, por meio de sua iniciativa Polar Silk Road5 (a versão digital de sua Belt and Road Initiative6), busca construir infraestruturas de cabos e bases na região.
As nações nórdicas, Canadá e Estados Unidos também estão reforçando sua presença, cientes do valor estratégico que a região representa. A luta por rotas de cabos no Ártico não é apenas uma questão de infraestrutura, mas uma reedição da luta por poder e influência que Mackinder previu, agora adaptada para a era digital.
Conclusão: cabos submarinos como instrumentos de poder global
Em última análise, os cabos submarinos são hoje tão estratégicos quanto rotas comerciais ou bases militares. Eles revelam que, mesmo em um mundo transformado pela tecnologia, a luta por poder e influência global segue os mesmos princípios de séculos atrás. A visão de Mahan sobre o controle dos mares, a de Ratzel sobre o espaço vital e a de Mackinder sobre o domínio do Heartland continuam sendo valiosos para entender a dinâmica de poder. Controlar os cabos é, afinal, controlar a informação e, por consequência, o poder. Investir na proteção, na diversificação e na propriedade dessas redes não é apenas uma decisão econômica, mas uma estratégia fundamental para garantir a resiliência e a relevância de uma nação no cenário global.
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(*) Coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro. Bacharel em Administração; MBA Executivo em Política e Estratégia pela FGV. Pós-graduação em História Militar pela Unisul e em Planejamento Estratégico pela Escola Superior de Guerra da Argentina. Mestrado em Planejamento Operacional, Especialista em Bases Geohistóricas para Formulação Estratégica e em Política e Defesa. Foi analista de inteligência sênior do Centro de Inteligência do Exército, professor da Escola Superior de Guerra na Argentina, Assessor político e estratégico do Exército da Colômbia e Gerente Estratégico e de Recursos Humanos Sênior do Gabinete do Comandante do Exército. É Membro do Conselho Regional de Administração (DF), Membro da Rede Governança Brasil e Membro da ASIS Internacional. Linkedin : https://www.linkedin.com/in/niller-campos/
1 Lebensraum : espaço vital. Saiba mais sobre o conceito : https://www.geopoliticando.com.br/2025/03/28/ratzel-e-o-espaco-vital/
2 O ponto onde chegam os cabos ópticos submarinos é referido como estação de aterragem ou Cable Landing Station.
3 O EllaLink é um cabo submarino de fibra ótica que conecta diretamente o Brasil (Fortaleza) à Europa (Sines, Portugal).
4 O Cloud Act (Clarifying Lawful Overseas Use of Data Act) é uma lei dos Estados Unidos, promulgada em 2018, que permite que autoridades policiais americanas obtenham dados eletrônicos de empresas americanas, mesmo que esses dados estejam armazenados fora do território dos EUA. Saiba mais sobre o tema : https://www.justice.gov/criminal/cloud-act-resources
5 A Polar Silk Road é uma rota marítima no Oceano Ártico, que se torna cada vez mais navegável devido ao derretimento do gelo, ligando a Ásia e a Europa e sendo parte da Iniciativa Cinturão e Rota da China.
6 Saiba mais sobre a Belt and Road Iniciative (BRI) : https://www.geopoliticando.com.br/2025/07/12/nova-rota-da-seda/
Excelente artigo, meu caro! De fato, os cabos submarinos são tão estratégicos quanto rotas comerciais ou bases militares.
Parabéns!
Parabéns CMT pelo belíssimo trabalho o Sr realmente um grande profissional militar dedicado contente forte abraço
Excelente artigo. Muito esclarecedor e interessante. Parabéns!
Excelente artigo, algo atual e importante.
Meus parabéns pelo artigo. Simples e direto, abordando algumas Teorias GeoPol Clássicas com contexto aplicado ao Ciberespaço.
Depois dessa leitura, percebi que preciso aprofundar meus estudos sobre a estrutura física dos redes do cibernética.
Parabéns cmd pelo artigo ,sr e muito especial um exemplo
O artigo do Coronel Niller Campos faz uma conexão extremamente lúcida entre as clássicas teorias geopolíticas e a nova disputa estratégica do século XXI: o controle das rotas digitais. Ao destacar que os cabos submarinos se tornaram o “mar” da era da informação, ele nos lembra que o poder global continua dependente do domínio das infraestruturas críticas.
A análise sobre o EllaLink, ligando o Brasil à Europa sem depender de hubs nos EUA, mostra que a soberania digital deixou de ser apenas uma pauta tecnológica e passou a ser um imperativo estratégico. A comparação com Mahan, Ratzel e Mackinder não é apenas acadêmica: ela revela que a lógica de disputa por fluxos – sejam de mercadorias, territórios ou dados – é constante na história.
Também chama atenção a menção ao Ártico como novo Heartland digital: uma rota que poderá definir vantagens econômicas e de segurança para quem a controlar. Isso projeta um futuro em que a geopolítica do ciberespaço não se limita ao ciber, mas envolve o domínio físico de mares e regiões polares.
A mensagem central é clara: proteger, diversificar e nacionalizar partes críticas da infraestrutura de dados é tão estratégico quanto manter fronteiras seguras ou rotas marítimas abertas. É um alerta para que países como o Brasil mantenham políticas de Estado de longo prazo, integrando Defesa, setor privado e pesquisa em prol da resiliência digital.
Excelente contribuição para ampliarmos o debate sobre soberania e segurança em um mundo cada vez mais interconectado e vulnerável.
Texto representa uma visão interessante sobre algo que escapa nos comentários geopolíticos atuais.
Conhecimento é poder!!!
Artigo muito interessante e muito atual. A conclusão do Cel Niller quando ele afirma: “Controlar os cabos é, afinal, controlar a informação e, por consequência, o poder” é praticamente um alerta que devemos sair da preocupação e passar a ação de proteção dos cabos que chegam ao Brasil.
Parabéns meu amigo…
Excelente matéria, muito bem escrito e trazendo material muito legal para o nosso conhecimento…
E sempre um prazer aprender mais.
Sucesso….
Os Temas ora explanados no CIBERESPAÇO SUBMARINO, tem uma gama de resiliencias, nas questões de segurança nas comunicações, melhorias na soberania da nação, garantindo sua soberania no mundo digital.
Excelente avaliação. Hj podemos dizer que o país que negligenciar o cenário atual, esta fadado a ser subjugado pelas demais nações. O mundo atual parece um barril de pólvora prestes a explodir. Nao podemos depender sempre dos aliados, é necessário planejar e investir.
Mtos como eu nem faz idéia que ocorre isso nos mares, mto interessante e preocupante.
Prezado Sberni, parabéns pelo site de alto nível sobre assuntos de geopolítica. O artigo do amigo Niller é uma análise brilhante e oportuna que atualiza as clássicas teorias geopolíticas (Mahan, Ratzel e Mackinder) para o século XXI, demonstrando com clareza como o controle dos cabos submarinos é a chave para o poder e soberania digitais globais, com implicações críticas para a segurança, bem como a economia do Brasil e do mundo.”
Ao amigo Niller agradeço por compartilhar seus conhecimentos conosco.
Fraterno abraço aos amigos.
Excelente artigo! Análise segura e fundamentada em princípios geopolíticos ! Gostei muito!
Texto muito bem escrito! Interessante como conecta teorias clássicas com a realidade atual dos cabos submarinos. Faz pensar que, mesmo com tanta tecnologia, os fundamentos do poder continuam os mesmos: quem controla a informação, controla o rumo das nações. Uma análise clara e instigante.
Excelente e elucidativo artigo, de redação clara e fluida, com chamados proféticos. Parabéns ao autor!
Excelente texto, nós faz refletir.
Excelente meu irmão. Muito instrutivo
Artigo extremamente interessante, atual e que retrata de maneira bastante realista e assertiva essa nova dimensão de futuras batalhas que será o fundo do mar .
Excelente perspectiva, coincidente con los temas coyunturales actuales y con la configuración del nuevo orden mundial
O texto “O Ciberespaço Submarino: A Geopolítica das Linhas de Poder da Internet” aborda um tema de elevada relevância para os estudos contemporâneos de geopolítica e segurança internacional, ao evidenciar a centralidade das infraestruturas de cabos submarinos de comunicação na sustentação da economia digital global. A análise ressalta que tais cabos, responsáveis por quase a totalidade das transmissões intercontinentais de dados, configuram-se como ativos estratégicos, cuja proteção transcende dimensões técnicas e assume caráter político, econômico.
Assim, o texto contribui para a compreensão de que o ciberespaço submarino não é apenas uma dimensão técnica da conectividade global, mas também um campo estratégico de poder, onde se entrelaçam tecnologia, soberania e geopolítica, configurando um dos eixos centrais da segurança internacional no século XXI.
Parabéns pelo artigo, algo atual e importante.
Análise segura e fundamentada em princípios geopolíticos ! Gostei muito!
Publica mais.
Adorei o artigo, nunca tinha parado para pensar na importância dos cabos submarinos e como eles impactam nosso dia a dia.
O texto é claro e prende a atenção do começo ao fim! Parabéns..
Texto muito elucidativo e que desperta a atenção do leitor para um tema atual e revelante. A correlação de teorias clássicas da geopolítica com os desafios do mundo moderno é colocada de forma clara e inteligente. Parabéns ao autor.
Excelente estudo, conjugando com bastante propriedade um tema bastante atual com a perspectiva de teóricos da geopolítica.
O texto do Coronel Niller, “O Ciberespaço Submarino: A Geopolítica das Linhas de Poder da Internet” nos oferece uma abordagem sobre uma área de elevada relevância para a geopolítica e segurança internacional, pois evidencia a centralidade das infraestruturas de cabos submarinos de comunicação na sustentação da economia digital global. Dessa maneira, tornando-se uma deficiência e com isso uma enorme vulnerabilidade a ser explorada por agentes adversos, o que necessita de uma analise de risco muito detalhista e de complexa solução.
Neste contexto, seu texto no faz refletir, contribuindo para a compreensão de que o ciberespaço submarino não é apenas uma dimensão técnica da conectividade global, mas também um setor estratégico de poder, que se entrelaçam tecnologia, soberania e geopolítica, destacando-se como um dos eixos centrais da segurança internacional deste século e sua mitigação das ameaças passa ser um dos pontos de poder no multidomínio .que fará a diferença.
Excelente e esclarecedor artigo. Não tinha conhecimento profundo sobre o desafio de conectar o mundo pelo mar. Mas identifiquei várias oportunidades, desafios numa área tão específica. Parabéns e sucesso em seus estudos e análise. Espero e desejo que tenhamos através de dados cono esses aprofunda e conhecer novos e melhores explorações.
O texto “O Ciberespaço Submarino: A Geopolítica das Linhas de Poder da Internet” do Coronel Niller nos permite realizar uma reflexão sobre uma grande deficiência em centralizar os meios em quase sua totalidade das conexões mundiais, tornando com isso em uma vulnerabilidade a ser explorada por um agente adverso.
Diante disso, cresce a importância das nações na identificação das ameaças existentes e em potenciais para a criação de medidas de contrainteligência, tanto nos segmentos da segurança orgânica, como na segurança ativa, por meio da realização de suas análises de riscos para a mitigação, bem como estudar novas medidas de segurança e outras opções de conexão para operar neste ambiente de multidomínio tão complexo deste século.
Obrigado por nos ceder nobre conhecimento.
OPORTUNIDADES versus RISCOS…
Creio que, uma regulamentação ou acordo internacional poderia de certa forma proteger investimentos e funcionamento do sistema, considerado hoje como vital para todas as Nações. Com certeza não seria uma solução definitiva, mas ao menos amenizaria incertezas de sabotagem em águas internacionais.
É interessante como somos enriquecidos após ler sobre um tema novo e interessante.
Permitindo a abertura de um portal para debates sem tamanho.
A algum tempo podíamos dizer que éramos “aquilo que comíamos e víamos”. Hoje nos alimentamos de informações que realmente não vemos, pois estão submersos.
Aí vemos que o domínio dos mares não está somente na sua tona, nem somente na exploração de seus recursos submersos, mas também na vasta rede de exploração tecnológica transportada nesse “ciberespaço submarino”.
O domínio dos mares da época das Grandes Navegações agora é outro, pois aprendemos nesse lindo artigo que controle dos mares, é vital para a manutenção do seu “espaço-influencia”, sendo essa a nova fronteira para quem é ou quer ser potência mundial.
Então partiu!!!
Vamos controlar os cabos.
Me parece que el artículo del Crl. Niller ofrece un análisis muy completo y bien fundamentado sobre el tema de los cables sumarinos. La conexión de las teorías clásicas y la realidad permite que un tema técnico se entienda desde una perspectiva histórica y geoestratégica.
Creo que la soberanía digital es un aspecto que los Estados deben priorizar con la misma seriedad que la defensa de sus fronteras físicas. En este mundo interconectado, depender de infraestructuras controladas por otros no solo es un riesgo económico, sino también político y de seguridad nacional. Creo que el desafío de las naciones es definir en qué medida están dispuestos a invertir para lograr independencia y resiliencia en sus redes.
Parabéns pelo artigo e ante a proteção dos cabos submarinos nos dá uma dimensão da importância estratégica e urgente do fortalecimento da Convenção das Nações Unidas sobre o Direitos do Mar, ratificada pelo Brasil em 22 de dezembro de 1988 e promulgada pelo DECRETO Nº 99.165, DE 12 DE MARÇO DE 1990.
Neste instrumento do direito internacional público, estão expressos o dever dos Estados arquipélagos em respeitar “… os cabos submarinos existentes que tenham sido colocados por outros Estados e que passem por suas águas sem tocar terra…” [Art.51, (2)], assim como o direito dos Estados com ou sem litoral, em instalar e operar cabos submarinos (Arts. 21, 58, 79, 87 e 112) e o dever de punir atos que causem danos intencionais a cabos submarinos (Art.113) e a devida responsabilização quanto aos aspectos de interferência entre cabos e dutos submarinos, exigindo cooperação entre os Estados envolvidos (art.114).
Portanto, ante a crescente presença de embarcações militares em áreas estratégicas e os recentes incidentes de sabotagem em cabos no Mar Báltico e no Atlântico reforçam a necessidade de revisão e fortalecimento das normas internacionais e a constituição de uma nova convenção ou protocolo internacional que tipifique como crime os atos intencionais ou negligentes contra cabos submarinos, ampliando os poderes jurisdicionais dos Estados costeiros e promovendo maior cooperação internacional para sua proteção.
https://www.idn.gov.pt/pt/publicacoes/nacao/Documents/NeD169/NeDef169_Duarte%20Lynce%20Faria.pdf